Um dos princípios mais fundamentais da fotografia, a regra dos terços permite que você obtenha melhores resultados e imagens mais equilibradas.
Não é uma técnica complicada e até fotógrafos iniciantes podem aplicar de forma eficaz. No entanto, é importante entender o que é e como ela funciona.
Em seguida, você encontra dicas e exemplos de como usar essa norma de composição fotográfica. Afinal, tirar boas fotos vai além de empregar um equipamento de qualidade.
É necessário ter um olhar sensível, estudar para desenvolver suas habilidades e praticar bastante. Saiba mais!
O que é regra dos terços?
Imagine a cena que você vai fotografar cortada por quatro linhas, duas na vertical e duas na horizontal. Desse modo, o plano fica dividido em nove partes iguais.
A regra dos terços é a noção de que os elementos mais importantes de uma foto devem ser posicionados ou ao longo das linhas ou sobre os seus quatro pontos de intersecção.
Como resultado, temos uma composição decentralizada bem harmoniosa. Alguns fotógrafos consideram esta uma maneira básica, mas eficaz de compor imagens a fim de torná-las mais atraentes.
A maioria das câmeras digitais, até mesmo as de celular, já oferece a função de mostrar essa grade imaginária. Isso com o propósito de facilitar a visualização para quem ainda está se acostumando com a técnica.
No entanto, com a prática, dividir o plano mentalmente vai ficando mais fácil.
Por que usar a regra dos terços?
Todo fotógrafo conta com seu próprio senso de beleza. Mas a regra dos terços pode ser um ponto de partida para produzir imagens diferentes e mais chamativas para os olhos de seu público.
Às vezes, iniciantes tendem a colocar seus assuntos no centro da foto. Apesar de composições centralizadas criarem fotografias fortes, pode ser um pouco cansativo insistir neste formato.
Dessa maneira, jogar os pontos de interesse mais para o lado da imagem é capaz de trazer frescor e novidade para o seu trabalho.
Como funciona a regra dos terços?
É possível seguir a regra dos terços colocando o(s) assunto(s) da sua foto em qualquer uma dessas partes:
- Pontos de intersecção. Toda imagem tem quatro locais em que as linhas se cruzam. Elementos posicionados ali guiam o olhar do observador;
- Linhas horizontais. São duas e é comum posicionar sobre elas a linha do horizonte de uma paisagem;
- Linhas verticais. Também existem duas. Podem ser usadas para equilibrar elementos da foto, principalmente prédios e outros itens de arquitetura. É o que foi feito, por exemplo, com a foto do farol que trouxemos no início deste texto;
- Quadros. Feita a divisão imaginária, ficam nove quadros que podem ser usados para distribuir os elementos da sua composição;
- Terços. Por fim, a combinação de três quadros – tanto na vertical quanto na horizontal – forma os terços. Posicionar o assunto da foto em um deles permite destacá-lo do fundo.
Na prática, para capturar uma imagem que segue a regra dos terços, é necessário garantir espaço o suficiente para que você possa fazer cortes e edições mais tarde.
Pode ser que você acerte de primeira, mas vale a pena ter uma área de segurança. Assim, você pode aproximar ainda mais o assunto da foto dos pontos de intersecção ou das linhas da grade.
Como usar pontos de interesse?
É a relação entre o espaço negativo – isto é, as áreas vazias da imagem – e o assunto da foto que cria pontos de interesse na sua foto.
Naturalmente, o olhar do espectador tende a se dirigir aos locais de intersecção. Então, posicionar neles o foco da sua fotografia traz equilíbrio. Além disso, cria tensão, energia e relevância.
Em um retrato de uma pessoa ou de um animal, o modelo e áreas específicas como os olhos e os lábios são importantes.
Por isso, tente colocá-los nas junções entre as linhas. É comum, aliás, utilizar a regra dos terços para criar um local para onde o sujeito da imagem esteja olhando.
Na imagem acima, por exemplo, dois terços da paisagem servem de espaço negativo. Enquanto isso, o cachorro, que é o personagem da foto, está no último terço, olhando a paisagem.
Sua cabeça é o ponto de interesse principal e, assim sendo, está em uma das intersecções.
Principais elementos de composição
Alguns tipos de fotografia não apresentam um ponto de interesse específico. É o caso das paisagens. Dessa forma, uma boa dica para compor a cena é dividi-la em terços e posicionar o horizonte em uma das linhas horizontais da grade.
Só para ilustrar, ao capturar um pôr-do-sol na estrada, o céu pode ocupar um terço da imagem. Enquanto isso, a terra toma os dois terços restantes.
Essa escolha torna a foto muito mais dinâmica do que se o horizonte fosse centralizado, não é mesmo? Afinal, quem a vê tem a sensação de que está se movimentando pela estrada.
Aqui, por outro lado a linha do horizonte foi movida para a parte de baixo da fotografia. Isso com a finalidade de dar destaque ao céu estrelado acima da cadeia de montanhas.
Quando posso quebrar a regra dos terços?
Nem sempre posicionar os pontos de interesse nas linhas ou nas intersecções da grade é a melhor opção para a sua foto. Dessa maneira, a regra dos terços deve ser levada mais como uma diretriz do que como uma norma engessada.
A imagem acima, por exemplo, vai contra esse tipo de composição e nem por isso a imagem fica menos harmoniosa.
O fato de a modelo estar olhando direto para a câmera e de o vento estar movimentando seus cabelos justificam a centralização dos principais elementos da foto.
Contudo, repare que a paisagem de fundo segue a regra dos terços: a linha do horizonte foi posicionada em uma linha da grade, deixando dois terços para o céu e um terço para a cidade. É quase como uma imagem híbrida.
Em conclusão, o conceito por trás de uma fotografia é sempre mais relevante do que seguir técnicas específicas.
Mesmo assim, é importante aprender e entender os principais conceitos por trás da fotografia antes de experimentar por conta própria.
Então obrigada por chegar até aqui! Volte sempre que precisar!
Um abraço
Na primeira foto, o horizonte está levemente inclinado, o que não é estéticamente agradável, no entanto se tentarmos corrigir, o objeto principal, no caso a torre poderá ficar torto. Como resolver isso? É possível deixar o horizonte torto, pois o tema central é a torre?
Olá Regina,
Agradeço o seu comentário. Ele toca em um dos dilemas mais comuns em fotografia: o equilíbrio entre a estética da imagem como um todo e o destaque de seu objeto de interesse.
A resposta a essa pergunta depende em grande parte do que você, como fotógrafo, deseja transmitir com a imagem. Se o foco principal é a torre, pode ser mais importante que ela esteja alinhada corretamente. Nesse caso, a inclinação do horizonte poderia até mesmo adicionar um elemento dinâmico à imagem, levando o espectador a se concentrar ainda mais na torre.
No entanto, se a imagem é sobre a paisagem como um todo, com a torre apenas como um elemento dentro dela, então seria mais importante alinhar o horizonte.
Uma outra possibilidade seria utilizar um software de edição para tentar corrigir a inclinação da torre e do horizonte de maneira independente. No entanto, isso pode ser complexo e nem sempre produzirá um resultado natural.
Então lembre-se, a fotografia é uma arte. Às vezes, quebrar as regras pode resultar em imagens mais interessantes e atraentes. A decisão final deve ser baseada na sua visão artística para a imagem.
Espero que isso ajude a esclarecer sua dúvida.
Em 1984, li numa HQ que Peter Parker mencionava essa técnica ao apresentar fotos do Homem-Aranha pro editorial do clarim diário, então, pra mim, não é novidade…